Avaliação da pessoa com dor: entender a dor para cuidar de quem sente

Avaliação da pessoa com dor: entender a dor para cuidar de quem sente

A dor é uma experiência que vai muito além do que sentimos fisicamente. Quando alguém vive com dor, não é só o corpo que sofre — a forma como essa pessoa trabalha, se relaciona, dorme e aproveita a vida também pode ser profundamente afetada. Por isso, é essencial que a avaliação de quem sente dor comece por algo muito simples, mas poderoso: ouvir a história dessa pessoa.

A escuta ativa, ou seja, prestar atenção ao que a pessoa diz e sente, ajuda-nos a compreender como a dor interfere na vida dela. Qual era a rotina antes de a dor começar? O que mudou? Quais atividades são mais difíceis agora? Estas perguntas dão-nos pistas importantes para perceber como a dor impacta a funcionalidade e o bem-estar.

Além disso, é fundamental traçar objetivos claros e bem definidos. Mas não é suficiente definir metas apenas para “aliviar a dor”. É necessário que esses objetivos façam sentido para quem sofre, que estejam ligados às coisas que essa pessoa valoriza no dia a dia. Por exemplo, para alguns pode ser importante voltar a brincar com os filhos, para outros, conseguir realizar o trabalho sem limitações ou simplesmente retomar um hobby que traga alegria.

A ciência apoia essa abordagem. Estudos mostram que incluir as preferências, valores e objetivos pessoais de quem sente dor melhora os resultados do tratamento. Esse foco no retorno às atividades importantes dá significado ao processo e aumenta a motivação para superar os desafios.

Na prática, a avaliação fisioterapêutica envolve um olhar atento ao movimento e ao funcionamento do corpo. Analisamos os comportamentos motores, realizamos palpações articulares e musculares, avaliamos a força, os padrões de marcha e reflexos neurológicos. Também consideramos exames complementares, quando disponíveis, para construir uma visão mais completa do quadro.

Por isso, avaliar a dor é mais do que medir sua intensidade numa escala de 0 a 10. É escutar, entender e criar juntos um plano que devolva à pessoa o que ela mais valoriza na vida. Porque cada história de dor é única, e o cuidado deve ser também.