Capacidade funcional e envelhecimento
O processo de envelhecimento é progressivo, dinâmico e heterogêneo, causando mudanças físicas, psicológicas e sociais. É de grande importância que a capacidade funcional seja mantida pelo maior tempo possível, possibilitando ao idoso realizar suas atividades de autocuidado e gerenciamento da sua vida, uma vez que a incapacidade funcional está associada com maior mortalidade, institucionalização, hospitalização e diminuição do bem-estar.
Em relação a essa temática, um estudo teve como objetivo analisar diferenças de gênero nos determinantes de incapacidade em atividades instrumentais de vida diária em idosos, como atividades de fazer compras, cuidar do próprio dinheiro e da própria medicação, utilizar meios de transporte e telefone. Das 1034 pessoas idosas selecionadas, as mulheres apresentaram maior incapacidades nas atividades pesquisadas em relação aos homens. Foram determinantes de incapacidade: idade ≥ 80 anos e pior percepção de audição em ambos os sexos; acidente vascular encefálico entre homens e idade entre 70-79 anos entre mulheres. Melhor desempenho cognitivo diminuiu o risco para a incapacidade nas atividades instrumentais de vida diária em ambos os sexos e o melhor equilíbrio, para mulheres, também diminuiu o risco.
Na prática clínica o estudo pode agregar informações importantes para a intervenção e cuidado ao longo da vida, com a proposta do idoso viver livre de incapacidade por mais tempo. Destaca-se a importância de se avaliar e tratar a piora da audição e do status cognitivo, além do equilíbrio, principalmente nas mulheres, e o gerenciamento do cuidado, tantos dos profissionais de saúde como das pessoas idosas, com ênfase na prevenção de eventos agudos incapacitantes, como o acidente vascular encefálico.
Referência: ALEXANDRE, Tiago da Silva et al. Disability in instrumental activities of daily living among older adults: gender differences. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 48, n. 3, p. 379-389, June 2014 .